Léo Pinheiro, Ex-Presidente da OAS |
Confira na íntegra a carta de Léo Pinheiro que destrói narrativa de
Lula
O ex-presidente da Construtora OAS, Léo Pinheiro, tornou-se vítima de
uma campanha de mídia patrocinada pela esquerda que tenta desqualificar sua
colaboração premiada para viabilizar a soltura do ex-presidente Lula.
Em carta escrita de próprio punho, Léo Pinheiro contesta matéria
publicada pela Folha de São Paulo, afirma não ter sofrido qualquer pressão de
membros da Operação Lava Jato e reitera suas acusações contra Lula, desmontando
a narrativa de que não há provas contra o ex-presidente da República.
Confira a íntegra da carta:
“Estou preso há três anos e sete meses, por ter praticado crimes que
fui responsável. Chegou o momento de falar um pouco sobre o noticiário a meu
respeito.
A matéria, publicada nesta Folha de S.Paulo, sob o título ‘Lava a Jato
via com descrédito empreiteiro que acusou Lula’, no último domingo, dia 30 de
junho de 2019, necessita de alguns esclarecimentos, todos eles amparados em
provas e fatos.
A minha opção pela colaboração premiada se deu em meados de 2016,
quando estava em liberdade, e não preso pela Operação Lava Jato. Assim, não
optei pela delação por pressão das autoridades, mas sim como uma forma de
passar a limpo erros que cometi ao longo da minha vida. Também afirmo
categoricamente que nunca mudei ou criei versão e nunca fui ameaçado ou
pressionado pela Polícia Federal – PF ou Ministério Público Federal – MPF.
A primeira vez que fui ouvido por uma autoridade sobre o caso
denominado como ‘tríplex’ foi no dia 20 de abril de 2017, perante o juiz
federal Sérgio Moro, durante meu interrogatório prestado na ação penal
referente ao tema.
Na oportunidade, esclareci que o apartamento nunca tinha sido colocado
à venda porque o ex-presidente Lula era o seu real proprietário e as reformas
executadas foram realizadas seguindo suas orientações e de seus familiares. O
ex-presidente e sua família foram ao tríplex e solicitaram reformas como a
construção de um quarto, mudanças na área da piscina etc. Tudo devidamente
testemunhado por funcionários da empresa que acompanharam a visita e prestaram
testemunhos sobre isso.
Afirmei ainda que os valores gastos pela OAS foram devidamente
contabilizados e descontados da propina devida pela empresa ao Partido dos
Trabalhadores em obras da Petrobras, tudo com anuência do seu maior líder
partidário. A conta corrente com o PT chegou a aproximadamente R$ 80 milhões,
por isso havia um obrigatório encontro de contas com o sr. João Vaccari Neto.
O meu interrogatório foi confirmado por provas robustas que o Poder
Judiciário, em três instâncias, entendeu como material probatório consistente
para condenação de todos os envolvidos.
O material que comprova a minha fala está no processo do tríplex e foi
todo apreendido pela Operação Lava Jato na minha residência, na sede da empresa
OAS, na residência do ex-presidente Lula, na sede do Instituto Lula e na sede
do Bancoop, o que quer dizer que não há como eu, Léo Pinheiro, ter apresentado
versões distintas, já que o material probatório é bem anterior à decretação da
minha prisão em novembro de 2014. Além disso, plantas das reformas do tríplex,
projetos deste apartamento e do sítio, bem como contratos, foram apreendidos na
própria residência do ex-presidente, cabendo à minha pessoa tão somente contar
a verdade do que tinha se passado. O próprio ex-presidente Lula, em seu
interrogatório no mesmo caso, confirmou que voltamos no seu carro após nossa visita
ao tríplex no Guarujá -SP.
As provas que estão presentes no processo são bem claras e
contundentes, tais como:
Documentos que indicam o ex-presidente e sua família como proprietário
do imóvel antes mesmo de a OAS assumir o empreendimento, apreendidos na
residência do ex-presidente Lula e na sede da Bancoop;
Emails internos da OAS que demonstram a necessidade de ‘atenção
especial’ com a cobertura 164, bem como os projetos da obra;
Registros dos meus encontros com Paulo Okamotto, João Vaccari Neto e o
ex-presidente Lula, em minha agenda do celular, no Guarujá, no Instituto Lula e
na residência do ex-presidente em São Bernardo do Campo;
Mensagens sobre encontro de contas com João Vaccari;
Depoimentos de pessoas que não estão vinculadas à OAS e que trabalharam
nas obras da reforma, bem como de funcionários do prédio Solaris e também dos
demais funcionários da empresa envolvidos na obra da cobertura.
Neste mesmo período, surgiu um novo pedido do ex-presidente Lula: uma
reforma no seu sítio.
Fui ao sítio com o ex-presidente ver e ouvir os pedidos de reforma e
reparos, visita que foi fotografada e testemunhada pelo diretor da empresa
designado para supervisionar as obras no sítio e no tríplex. Me recordo que fui
em um sábado até o apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo,
mostrei os projetos do sítio e do tríplex para que fossem aprovados. Esta
visita consta dos registros da minha agenda e em mensagens, além de ter sido
confirmada no processo judicial pelo testemunho do diretor que me acompanhou.
Com o aval do ex-presidente Lula e seus familiares, as obras começaram.
O sigilo era uma especial preocupação nos trabalhos.
As obras do sítio e no tríplex tinham custos relevantes e eram
devidamente contabilizadas. Documentos internos da OAS provaram no processo que
as despesas das duas obras eram lançadas em centros de custos próprios, com uma
referência ao ex-presidente (‘Zeca Pagodinho’) e as divisões ‘praia’ e ‘sítio’.
Preciso dizer que as reformas não foram um presente. Os empreendimentos
da Bancoop assumidos pela OAS apresentavam grandes passivos ocultos, com
impostos, encargos que não deveriam ser assumidos pela OAS. Em paralelo, João
Vaccari cobrava propina de cada contrato entre OAS e Petrobras. Combinei com
Vaccari que todos os gastos do tríplex e sítio seriam descontados da propina.
Repito, esse encontro de contas está provado por uma mensagem minha trocada na
época dos fatos, devidamente juntada no processo e ainda pelo depoimento do
diretor da empresa.
Tenho consciência de que minha confissão foi considerada no processo
que condenou o ex-presidente Lula, assim como as minhas provas que apresentei
espontaneamente. Não sou mentiroso nem vítima de coação alguma. A credibilidade
do meu relato deve ser avaliada no contexto de testemunhos e documentos.
Meu compromisso com a verdade é irrestrito e total, o que fiz e faço
mediante a elucidação dos fatos ilícitos que eu pratiquei ou que eu tenha
tomado conhecimento é sempre respaldado com provas suficientes e firmes dos
acontecimentos.
Trata-se de um caminho sem volta, iniciado em 2016 e apresentado neste
caso do tríplex, bem como um diversos outros interrogatórios que prestei, como
no caso do sítio de Atibaia, Silvio Pereira, Cenpes, CPMI da Petrobras e prédio
Itaigara/Torre Pituba.
Os fatos por mim retratados ao Poder Judiciário foram feitos de maneira
espontânea e voluntária, sem qualquer benefício prévio pactuado, onde,
inclusive, abri mão do meu direito constitucional ao silêncio.
Curitiba, 02 de julho de 2019.
LÉO PINHEIRO, ex-presidente da OAS.”
Publicado em 04.07.2019 Por Davy Albuquerque.
Site: Conexão Política: https://conexaopolitica.com.br
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